- Nº 2099 (2014/02/20)
Iniciativa dos deputados do PCP no PE

Pela democracia <br> na Colômbia

Internacional

Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE) promoveram uma acção de solidariedade para com o povo, as organizações e os dirigentes colombianos alvo do recrudescimento da repressão política no país.

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Numa declaração pública em que Inês Zuber e João Ferreira são os primeiros subscritores, e à qual aderiram 15 outros deputados de Espanha, Alemanha, Grécia, França, Chipre, Áustria e Irlanda, rejeita-se e condena-se veementemente «a prisão, pelas autoridades colombianas, no início de Janeiro, do líder político colombiano Francisco Toloza, responsável pelas relações internacionais do Movimento Marcha Patriótica (MMP)», sublinhando que «a sua detenção ocorreu quando surgiram notícias do aumento das prisões, assassinatos e ameaças contra dirigentes e membros daquela organização, bem como do Partido Comunista Colombiano (PCC) e de outras forças políticas, organizações camponesas e sindicatos».

No texto nota-se também que «estes desenvolvimentos tiveram lugar enquanto o Senado dos EUA aprovou fundos adicionais para o seu Plano Colômbia, indicação clara da ingerência norte-americana e do carácter subversivo das suas acções na Colômbia e na região».

«Enquanto as memórias da campanha genocida travada pela oligarquia colombiana e as suas forças paramilitares contra a União Patriótica ainda estão frescas na memória – uma campanha que resultou em crimes abomináveis e na violação do mais básicos direitos civis –, o aumento da repressão do Estado vai contra os objectivos declarados nas negociações que ocorrem em Havana entre o governo colombiano e as FARC-EP, as quais visam alcançar um acordo de paz justo que ponha fim ao conflito armado e social na Colômbia», acrescenta-se ainda.

Para os deputados no PE, é «essencial revelar e denunciar as acções inquietantes em curso que visam perturbar e até mesmo frustrar as negociações», por isso apelam «ao final da campanha de assassinato e repressão política na Colômbia», exigem «a libertação imediata de Francisco Toloza e de todos os presos políticos», e reafirmam «a solidariedade para com o MMP, o PCC e todas as forças que compõem a ampla frente que luta pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores e do povo colombianos».

 

Posições firmes

 

Nos debates ocorridos no PE sobre outras questões internacionais, os deputados do PCP têm assumido posições igualmente firmes, com destaque para a declaração de voto contrário apresentada a propósito de uma resolução sobre a situação na Ucrânia, na qual Inês Zuber salientou que «a destruição das conquistas do socialismo e a restauração capitalista levaram ao retrocesso social, ao profundo aumento das desigualdades e da pobreza», acusando a UE de, «não satisfeita, procurar impor um acordo dito de "associação"» que resultaria na abdicação «de instrumentos fundamentais para assegurar a soberania económica do país, abrindo uma economia frágil à concorrência dos monopólios da UE e das grandes potências».

«A sua rejeição pela Ucrânia desencadeou uma inaceitável pressão e ingerência externa da UE, dos EUA e da NATO, tentando impor por todas as vias o acordo, incluindo através do apoio à acção desestabilizadora e violenta de forças ultranacionalistas, neofascistas e xenófobas, alinhadas com os seus interesses, às suas acções criminosas, de desestabilização, à tentativa de golpe de Estado e de secessão», realçou ainda a deputada.

Relativamente ao Egipto, os deputados do PCP criticam a maioria do PE por apoiar «um processo constitucional que forças políticas e sociais consideram atacar os direitos dos trabalhadores, dos camponeses e de outras camadas laboriosas, e que não garante os direitos das mulheres e crianças, conferindo ao chefe de Estado poderes absolutos, não sendo portanto, na sua essência, diferente do processo iniciado pela Irmandade Muçulmana quando tentava estabelecer um Estado fascista religioso».

Já quanto ao Relatório de progresso 2013 relativo ao Montenegro, Inês Zuber e João Ferreira votaram contra porque, explicaram, «depois de terem dividido, agredido e aberto feridas entre os povos da antiga Jugoslávia, as grandes potências da UE e da NATO pretendem impor o seu domínio económico, explorar os seus povos e os seus recursos naturais».

«A maioria do PE defende neste relatório, e como condição para a adesão, a alteração da legislação laboral, da lei eleitoral, o fim dos mecanismos soberanos de protecção da economia e da actividade produtiva (...), a realização de privatizações, entre outras medidas neoliberais que são contrárias aos interesses dos montenegrinos», acusam, antes de frisarem que o documento se congratula com «o compromisso do Montenegro em aderir à NATO e a contribuição para as suas missões (...), demonstrando uma vez mais a ligação entre o alargamento da UE e da NATO, com a primeira a ser o pilar europeu da segunda».